segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Contos de uma nublada manhã de segunda


Numa cinzenta manhã de segunda
convenci a mim mesmo que veria o sol,
mesmo que, para isso, precisasse andar por quilometros
embaixo de chuva, mesmo que precisasse soprar
para longe aquele bando de nuvens que insistia
em deixar nublado aquilo que tinha tudo
pra se tornar um bom dia...
Pois é, estava decidido a ver o sol!
Mas na primeira esquina onde passei
uma senhora daquelas bem ranzinzas
me mostrou, de cara,
com sua carregada expressão de tempestade,
que minha missão não seria fácil...
Mais à frente, o grunhido rabugento
de um senhor de meia idade, respondendo
a um gentil bom dia que lhe ofereci,
tornou o céu mais carregado e
o dia ainda mais cinzento...
A indiferença de uma jovem que passou por mim,
ocupada apenas com seu mundo celular,
me fez parar pra notar que o cinza
estava se tornando chumbo e
que a coisa estava ficando difícil de clarear...
Então me deparei com uma criança,
desenhando num pedaço de papel,
rabiscando com um pedacinho desgastado
de lapis cera, imaginando, feliz,
um momento de aventura e brincadeira...
E embora o lápis em sua mão só tivesse uma cor,
tudo à sua volta estava colorindo,
se tornando leve e lindo,
como um jardim cheio de flor!
Foi então que aquela criança se virou
e, olhando pra mim, me ofereceu um radiante sorriso!
Nada mais era preciso...
Eu que tinha saído em busca de um sol,
acabava de encontrar dois!
No olhar daquela criança, mesmo assim de improviso,
dois incríveis e poderosos sóis mostraram seu fulgor!
E aquela manhã de segunda, na fração de um instante,
deixou de ser cinza e se fez luminosa e linda
como o mais belo dos diamantes!

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