segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Pequena crônica sobre uma madrugada sem luar



Ontem de madrugada eu te procurei no céu e não havia nem rastros de você!
Não consegui ver estrelas também...
E as nuvens, que formavam um verdadeiro escudo contra meu olhar invasor, estavam tão escuras que se perdiam no background celeste...
Tudo era breu menos eu e Deus!
Então minha oração se fez, diante da luz invisível, mas perfeitamente sensível para quem nela crê!
E contemplando a infinita escuridão, ouvi a voz dos cometas conversando sobre milênios e milênios de Criação!
Ali estavam eles, atrás daquele maciço de nuvens, sussurrando docemente, coisas sobre estrelas e astros...
Naturalmente não pude entendê-las... Tais coisas deviam estar sendo faladas em alguma língua luminosa...
Mas, embora eu não pudesse compreender do que falavam, pude perceber claramente quando foram interrompidos pelo vento...
Um uivo intermitente, como o de um lobo solitário procurando uma lua invisível no céu...
Será que minha oração tinha esta aparência pra Deus?
Estranha experiência...
Diante da imensidão de nada, mergulhar nas entranhas de mim...
Na vastidão do meu próprio jardim, acender as luzes...
Minhas emoções são vagalumes que iluminam lampiões de poesia...
Saudades, nostalgia, princípio e fim!
A palavra se fez carne...
A inspiração veio de forma visceral...
Continuo a te procurar no céu, chego a ver um pequeno reflexo de luz no horizonte...
Mas creio que você já atravessou a ponte e se enclausurou no castelo do dia...
Já posso ver o sol...
Como um majestoso pintor surrealista ele chega com seu séquito de cores e ilumina tudo!
Mas você, já deitada e provavelmente nua, permanece inalcançável em sua divina solidão...
Sinto-me minguante diante de seu poder crescente...
A velha rua promete uma lua nova...
Ouso dizer que mais uma vez fico a sonhar com você chegando e me dizendo:
-Sou tua!
Como não te amar?
Mas em instantes acordarei desta utópica magia e chorarei minha poesia sobre um céu em luto...
No seu véu escuro, nenhuma presença de ti...
Sei que está aí...
As marés não te deixam fugir...
São as algemas que te prendem a mim...
Ondas que vem beijar a areia...
Pedras que se enlaçam com o mar...
Cio de sereia...
Serei eu seu par?
Meu sangue ferve nas veias...
sinto o corpo místico pulsar...
E mesmo sabendo que talvez ninguém sequer a leia...
Termino esta crônica sobre uma madrugada sem luar!

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