sexta-feira, 1 de abril de 2016

Metaforicamente




Do outro
lado do rio
você aponta
pra margem
onde estou
e grita
a plenos
pulmões
tudo o que
consegue
ver de
errado...

Do lado
de cá do rio
eu escuto
a tua fala
e vejo sua terra
tão ressecada,
seus animais
todos mortos,
sua cerca
esburacada,
sua plantação
contaminada,
e fico tão
indignado!

Te ofereço
uma corda,
sugiro que
façamos juntos
uma ponte,
falo de novos
horizontes
enquanto
o rio não
transborda!

Mas,
de repente,
nesta insana
aventura
de ser gente,
entendo
de uma vez
que é melhor
ficar calado...

O fogo,
bem atrás de você,
já se alastra
em sua direção
mas voce não
me dá atenção,
não quer sequer
entender...

Seus pés
viraram
raízes...
Seus braços
são galhos
quebrados...
Seu olhar
parece
partido...
Folhas
avermelhadas
sobre o chão
anunciam
que o outono
chegou ao seu
coração!
Logo será
consumido!

Bem à sua frente
um rio imenso
continua passando
e bastaria
um passo seu
para uma enorme
transformação!

Dentro
da árvore apodrecida
ainda pode haver
uma canoa esquecida
e nada lhe impede
de, ao menos,
tentar sair
de onde você está
e encontrar
a direção!

A correnteza
do rio,
no entanto,
pacientemente
espera que você
volte a enxergar
e tome a iniciativa...

Da margem
onde me encontro
dá pena
seu tempo
de estio...
Minha garganta
está seca
diante de seu
argumento

vazio...
Mas a esperança
permanece
viva,
enquanto
assistimos
naufragar,
no meio
deste rio,
a frágil
chalana
Brasil...

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