sexta-feira, 4 de março de 2016

O olhar irriquieto




O olhar irrequieto persegue o movimento mais discreto!
Inquieto, pulsando sentimento, este olhar foca sua lente de aumento somente para captar o segundo exato onde o mundo parece parar!
Congela o tempo para aquecer um outro olhar, capaz de se emocionar com talento!
O Olhar irrequieto tem um ritmo próprio, às vezes abstrato, noutras concreto...
Como o som inquieto que ousa ecoar dos atabaques do Gueto nas paredes do Candeal!
O olhar inquieto quer se misturar, como sal!
Adentrar na história, registrar a memória deste lugar, reserva natural da arte original e pura!
O olhar irrequieto apenas procura uma forma de mostrar este tempero ímpar que consegue nos fazer provar, ao mesmo tempo, a resistência e a ternura!
Das meninas grávidas ao craque prematuro,do pequeno timbal aos gigantescos dreads, tudo é sinal deste trançado de culturas!
O olhar irrequieto, atento, capta o toque, o tique, o taque, revela o fermento que faz o som se revelar na imagem...
No desafio de retratar até as miragens que costumam iludir os habitantes do gueto, o olhar irrequieto registra o encontro, materializa o dueto,
quando som e imagem se enamorar e saem de mãos dadas a passear, fazendo de cada janela um coreto!
O olhar irrequieto cristaliza o sonho e o tempo!
Se plenifica e se esvazia com as maravilhas do Gueto!
E se permite pousar sobre cada quadro, sem nenhuma régua ou esquadro pra delimitar o infinito que vê!
Tudo é bonito neste agito de ser!
O olhar irrequieto traduz a insana aventura de viver!
E o melhor é que nem precisa pagar pra ver!
Porque o olhar irrequieto insiste em oferecer as traduções de sua alma, revelando a arte que se parte em tom dendê!

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