segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Vovó Doce! (Uma homenagem a Vovó Dulce, aquela que nos deu os melhores doces de nossas vidas: nossas mães!)




Todo domingo
depois da feijoada
a "primalhada" reunida
parecia celebrar a vida
fazendo mais zoada
que platéia de bingo!
Pulsante expectativa,
aguardando o ritual
da doce vovó dulce
que silenciosamente
sumia, de repente,
para alegria da gente,
voltando, depois de segundos,
pra adoçar nosso mundo,
com o milagre da multiplicação
dos seus chocolates...
Na nossa imaginação,
um tesouro partilhado...
Moedas de puro cacau,
um carnaval de coloridos confetis,
saias plissadas, bombons,
jujubas, delicados, batons,
em sonhos de valsas tão bons...
Todo mundo satisfeito,
idoso, adulto e criança,
entrando naquela dança
e escolhendo seu par
pra degustar num sorriso,
derretendo no paladar,
naquele festival
de improviso
que vovó fazia
tanta questão
de nos proporcionar...

2 comentários:

  1. É Márcio, as lembranças das velhas tardes de domingos são marcadas por esses momentos maravilhosos, mas confesso que, além da saborosa feijoada, eu não me esqueço dos inigualáveis "SUSPIROS", o que seria de nós sem o "PASSADO". ABS

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  2. Primo, aproveitando esse espaço de comentários, gostaria de dizer que sempre volto a Salvador para desfrutar da alegria da família, mas os sentimentos e sensações são prazerosos e duros de serem vividos, por isso gostaria de dividir um pequeno texto que escrevi na última viagem dia 14 de fevereiro.

    Túnel de bambu

    Ao aterrizarmos em solos mágicos da minha Bahia eu me deparo com aquela maravilha da natureza "o túnel de bambu". A sensação de acolhimento da terra mãe é vital. Nesse momento o coração bate ritmado como tambores "treme terra" do Olodum. O pulsar do sangue se torna adrenalinamente excitante, simplesmente, aliás, nada simples, e sim, esplendorosa sensação de voltar pra casa, de me encontrar com os sorrisos mais elásticos, os olhares mais brilhantes que mau olhar não cansa de assistir. Cheguei. Estou em casa. Sinto-me amado como sempre, porém sempre diferente.

    A vontade baiana de "não fazer nada" aninha-se e eu não quero mais nada, somente sentir o som do amor, o cheiro de casa, a felicidade de fazer feliz.

    Me perdoe os amigos que por ora não vejo, eu cheguei pra aproveitar os décimos de segundos par ser filho, ser pai, ser irmão, ser família. Não consigo enjoar disso, e quanto mais chego, menos sinto vontade de voltar.

    Infelizmente o tempo vai passando, o tempo, o tempo, o tempo!!!!

    Me carrega sem vontade de ir, e lá se vai aqueles olhares, aqueles sorrisos, e o coração excitante se perde na angústia da partida.

    Tem que ser valente. Minha juventude está me deixando cada vez mais velho e eu não consigo me acostumar com o túnel de bambu. Lá vem ele de novo. Lá vou eu mais uma vez, lá vêm as lágrimas ocultas da incontrolável tristeza de não saber olhar pra trás. De deixar a minha história ser o mundo.


    Como dizia meu irmão, o GPS desligou, mas meu coração não se perde no espaço e sabe que um dia o poço da saudade vai sangrar, assim como a fé e a esperança dos açudes do meu amado Ceará, e eu vou poder acalmar esse espírito aventureiro e com o colo mais quentinho de mainha, com o orgulho mais sincero de painho. E o abraço da minha gente, da minha casa.

    Que venham muitos túneis de bambu.

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