segunda-feira, 6 de julho de 2015

Bruce, meu caro, se me permite um conselho: evite....




De repente percebemos que há mais alguém em casa...
Uma presença, nem sempre reparada, mas frequente!
Uma visita não mais inesperada, que geralmente é visto, entre a área de serviço e a cozinha, sem parecer se importar nem um pouco com isto!
Em vôos eloquentes, sempre nas madrugadas, Bruce se faz presente, em suas furtivas manobras rasas...
Bruce é um destes morceguinhos não hematófagos que adentram nossas casas atrás de alguma fruta de bobeira...
O nome, em homenagem à identidade secreta de um famoso homem-morcego dos gibis, foi escolhido carinhosamente, depois que nosso "herói" noturno resolveu aventurar-se além de seus domínios habituais para conhecer o corredor e até nosso quarto de casal...
Até aqui, Bruce não tem nos criado problemas. Só aqui e ali um sustinho inesperado em suas aparições surreais...
Mas Bruce parece ser um "bom menino"...Literalmente, pois seu formato pequenino nos faz pressupor que não se trata de um indivíduo adulto.
Também é bem comportado. Ainda não deixou nenhuma assinatura desagradável em suas passagens por aqui. Acho que Bruce deve ter "pedigree", se é que isto existe no universo de sua espécie.
As mulheres da casa, lógico, não gostaram muito da novidade. Andam meio ressabiadas em frequentar a cozinha depois de certa hora.
A porta da cozinha e do corredor devem estar fechadas para evitar que Bruce, o aventureiro, dê mais uma de bisbilhoteiro e queira frequentar os aposentos mais íntimos.
Fico a pensar o que aconteceria se ele as visitasse quando estivessem embaixo do chuveiro...
Mas Bruce parece ser ordeiro, não acredito que devamos nos preocupar com isso...
Bruce só está de passagem, como todos nós...
À procura de uma refeição, Bruce parece entender que mexer com "vespeiro" não será uma boa solução...
É só mais um companheiro na diária missão da sobrevivência...
Creio que, se for pego, Bruce pedirá clemência, antes de decolar na luta contra a inanição...
Na sua experiência de "voar na contra-mão", Bruce carrega o grito da natureza, acuada e ferida, por nossas mãos...
Nas asas deste frágil morceguinho, a Vida faz um manifesto em defesa da direito de ir e vir...
E eu me permito sorrir, agradecendo por ele nos ter escolhido, entre tantas janelas de apartamento...
Em seus vôos de reconhecimento, sempre antes de partir, Bruce só deve realmente se sentir seguro ao nos perceber sonolentos...
Lamento, meu caro Bruce, mas este é um momento que as mulheres da casa não vão querer permitir...
E eu, embora isento, nem sou louco de discutir...
Por uma questão de sabedoria, também pra me manter vivo, meu caro Bruce, eu simplesmente evito!

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