segunda-feira, 1 de junho de 2015

Marias (uma homenagem às Marias de Seu Souza , que mais que um mestre na arte de fazer pão, é mestre na arte de fazer uma família)




Quantas Marias
por trás de um pedaço
de pão?
A Maria do trigueiro,
mãe de uma ninhada de filhos...
A Maria da colheita,
órfã de mãe e pai...
A Maria da cidadezinha,
mulher do caminhoneiro...
A Maria da conferencia,
funcionária do posto fiscal...
As Marias da logística
e da área comercial...
As Marias representantes
da farinha, do açúcar e do sal...
As Marias da delicatessen,
as de farda e as de avental...
Marias, filhas do padeiro,
do empresário, do general...
Marias irmãs de outras tantas
de vida tão desigual...
Marias da fila do pão,
Marias da capa do jornal...
Quantas Marias
cabem num pedaço
de pão?
Quantas Marias
se fazendo alimento?
Peito, mama, sentimento,
leite, entrega, doação...
Comunhão de si mesmas,
intensa emoção...
Quantas Marias,
num mesmo coração?
Marias que se repartem,
como pedaços de pão...
Marias que se espelham
naquela,também, Maria,
prometida ao carpinteiro,
bendita no mundo inteiro,
que, com seu sim, cheio de fé,
fez-se templo da Salvação!
Marias que são fortes,
como a Maria de Nazaré.
que, dia após dia,
enfrentam a dor e a morte
e permanecem de pé,
se reafirmam Marias!
Quantas Marias, quantas,
tão presentes num pedaço
de pão?
Temperando nossas vidas,
às vezes sendo humanas,
às vezes sendo santas,
todas elas tão queridas,
e cada uma delas,
mesmo sendo única,
capaz de, ao mesmo tempo,
ser tantas!
Algumas nem carregam
no próprio nome a marca
de ser Maria,
embalam esta dádiva
no peito,
com o coração
transbordando
de alegria!
Anas, Zuleicas,
Glórias, Dalvas,
Conceições, Marinas,
todas elas, em suas ações,
são Marias genuínas...
Mas não importa quantas Marias
cabem num pedaço de pão...
Importa, sim, que este pão
seja gostoso como seu abraço,
seja quentinho como seu colo,
seja fermento como suas palavras,
seja alimento como seu carinho!
Marias...
Marias...
Tão vivas em cada pãozinho...

Um comentário: