Peço licença
pra dançar na chuva
tirando sarro
do olhar horrorizado
de quem está deitado
sob o sol!
O sonho é meu agasalho,
a música meu estandarte,
não sou homem de lata,
muito menos espantalho,
e embora veja
na covardia do leão
alguma arte,
não tomo parte
da magia do algoz!
Peço licença
pra cantar na rua
olhando os carros
ante o olhar entediado
de quem está ao lado
esperando o farol!
O verso é meu estribilho
a rima o meu cadafalso
não sou gente de gelo,
não vou pela tangente,
e embora seja
da abadia do pão,
com muito zelo,
carimbo o selo
e vou na contra-mão!
Peço licença, então,
pra provar o vinho,
pra estender a mão
e retirar o espinho,
minha paixão
é o próprio caminho,
saber a safra
sem olhar a uva
enquanto a nuvem passa
eu danço na chuva!
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