segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Dia de Finados...



Afinal, quem são os mortos?
Quem somos nós
que nos dizemos vivos
para celebrá-los?
Quem são os tortos?
De quem são os portos?
Quem se considera livre?
Ao contrário, quem se percebe cativo?
Quem se investe no direito
de incomodá-los?
Quem são os retos,
legítimos herdeiros do poder
de atravessar os desertos desvios
que separam vida e morte?
Quem são os santos?
Onde estão seus mantos vermelhos
que encobrem o mármore branco
das criptas?
Onde estão os coveiros?
Porque insistimos em procurar
vivos no meio dos mortos?
Porque insistimos em viver
como mortos vivos?
Entre artistas, legistas,
presuntos, defuntos,
cadáveres ou corpos,
tudo não passa de resto...
Pó voltando ao pó...
Manifesto de nossa condição passageira,
efêmeras existências,
essências decantadas entre sepultamentos
e cremações...
Mas realmente perdidas
na falta de memória das gerações
que ignoram as histórias bonitas
de seus ancestrais...
Finados...
Quem são mesmo estes tais?
São os que se foram
ou somos nós
quando perdemos a paz?
Celebrar que verdade, a da saudade?
Na Comunhão dos Santos,
mortos ou vivos,
sinais de esperança,
de luz depois do fim...
Sim, há um jardim,
há um sepúlcro vazio,
há um jardineiro sorrindo,
em algum canteiro,
de nossa falta de fé,
de entendimento...
Continuamos procurando...
Mortos entre vivos,
vivos entre mortos,
sem achar nenhuma resposta...

Nenhum comentário:

Postar um comentário