sábado, 19 de setembro de 2009

Nas devidas proporções



Há ditados e expressões que utilizamos diariamente, que se tornam ainda mais interessantes por que são frutos de uma linguagem que a gente herda de nossos ancestrais e depois sai repetindo, às vezes sem nem mesmo pensar no sentido exato que eles têm.
Outro dia me bati com esse: "Vamos dar aos fatos as suas devidas proporções..."
Tenho a mais absoluta certeza de que quem formulou esta jóia linguística era um gênio.
Segundo o dicionário, "proporção é a relação dimensional entre as partes de uma composição entre si e destas com relação ao todo." e "devido é aquilo que se deve ou em razão de, por causa de, graças a"

Vale perguntar então, inicialmente, qual a dimensão dos fatos. Para depois se chegar à razão pela qual existe uma relação dimensional entre ele e suas partes e entre ele e o todo(no caso,para não complicar muito, entenda-se por "todo" o mundo.

Já que a primeira pergunta é sobre a dimensão dos fatos, reunamos a ela, logo, uma outra de teor bem parecido: quais as partes do fato.

O fato é que, se realmente formos dar aos fatos as suas devidas proporções, talvez nos percamos nas dimensões inexatas do ocorrido ou nas partes que fazem dele um fato, deu pra entender?

Colocando "os pontos nos is" (juro que vou deixar pra tentar desenvolver qualquer raciocínio sobre esta expressão em outra oportunidade, o fato é que há expressões que a gente entende muito bem, com as quais a gente inclusive se relaciona maravilhosamente, mas que é melhor, para o bem de todos e felicidade geral da nação,
que não tentemos explicá-las.

Não é por mal, não, mas vai além da nossa compreensão mortal. É como um homem tentar explicar o pensamento de uma mulher e vice-versa. Nem um nem outro tem capacidade para isso, simplesmente porque não é mulher ou homem.

Nas devidas proporções, o fato é que não esperava que este texto ganhasse a dimensão que ganhou ou tomasse as proporções que está tomando, se tornando um emaranhado de frases que absolutamente não levarão ninguém à compreensão "devida".

Aliás, se eu ousar continuar, "de vida" estarei mesmo correndo é risco, se um leitor mais exaltado ou um mestre linguístico me encontrar por aí, lembrar deste post, se inflamar de tal maneira a ponto de resolver, literalmente, "dar ao fato as suas devidas proporções".

Desde já, então, peço as devidas desculpas.

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