domingo, 19 de abril de 2020

Carta a João. meu irmão...



Caro João, meu irmão...
Paz e Luz!

O mundo continua a girar, enquanto encontro algumas estrelas com o olhar e elevo uma oração a quem pode nos escutar...
Peço pela humanidade e por sua luta por sobrevivência...Peço clemência ao criador por tanta falta de amor...Peço alívio pra tanta dor...
Meu irmão João, enquanto rezo, algo não me sai da cabeça, de uma certa forma uma idéia me atormenta: será que o Corona vírus nos representa?
Será que, como este invasor quase invisível, a humanidade tem sido a pandemia da Criação Divina? Será a nossa raça a verdadeira ameaça ao organismo do Criador?
Será que o COVID-19, na verdade, é apenas um defensor? Será que ele faz parte do sistema imunológico do planeta e, na verdade, o ser humano que é o indesejável invasor?
Será que Deus finalmente cansou de ver tanta maravilha ser diariamente esquecida, explorada, destruída, degradada? Será que Ele se fartou de ver a gente transformar em morte o que era Vida?
Será que, finalmente, a sua paciência acabou?
Meu Irmão João...
Aviso não nos faltou...
Teimosamente seguimos em frente, olhando pros próprios umbigos, ilusoriamente pensando que o controle era nosso...
Alienados humanos, fazendo planos pros meses seguintes, pros anos futuros, transformando luz em sombras, claridade em quadros escuros...
Absolutamente surdos às premonições...
Seguimos contaminando tudo com nossa ambição, nossa hipocrisia, nosso egoísmo, nossa mais-valia...
Absolutamente cegos às destruições...
Na contramão natural, com nossos achismos e senões, fomos embassando o que era cristalino, assim como o COVID faz agora com nossos pulmões...
E aí, mesmo quem não está doente, procura algum ar mais puro e se sente profundamente inseguro por só encontrar o ar rarefeito...
João, meu irmão, será que Deus está sendo muito duro? Ou de fato merecemos colher os frutos proibidos que plantamos por aí, sem nenhum sentido?
A cabeça continua a girar, irmão, enquanto o planeta parece ir parando...
Nosso azul parece desbotar, nosso verde parece "outonar", enquanto voltamos o filme até chegar no preto e branco...
Nas mãos do grande ditador que insiste em brincar com o globo, o cinema mudo parece mostrar o quanto sempre fomos tolos...
Pretensiosos, egocêntricos, todo-poderosos, hoje pandêmicos, sem outro abrigo a não ser a própria fragilidade, perdemos aos poucos a velha identidade e somos obrigados a pensar além...
Além de nós mesmos, de nossos conceitos, de nossa pequenez, de nossos preconceitos, de nossa mesquinhez...
Isso se não formos dizimados de uma vez pelas defesas atuais da própria Natureza...
Enquanto isso, enquanto posso, elevo uma oração a quem pode nos escutar enquanto encontro estrelas em alguns olhares que insistem em brilhar...
O mundo continua a girar...
O coração continua  bater...
Eu continuo a acreditar...
Deus ainda deve ter algo a fazer...
...alguma Luz há de surgir pra nos conduzir a um outro lugar...
Não poderemos mais ser os mesmos depois de tudo isso...
Quem sobreviver levará consigo o compromisso de fazer diferente...
Precisaremos ser diferentes...
Se necessário for, mudaremos de nome...
Não fomos feitos pra matar, nem pra morrer de fome...
Não somos máquinas, somos imagem e semelhança do Amor!
Ah, meu irmão João, será que pintaremos o mundo de Violeta e aprenderemos com as borboletas sobre a efemeridade da vida?
Saberemos finalmente dar valor a tudo que de graça recebemos? E não impediremos mais o semelhante de voar?
João, meu irmão, eis a tua Mãe, Terra... Cuida dela!
Chega de fome, peste, morte, guerra.... Basta de destruição...
Terra, nossa Mãe, eis o teu filho João...
Estende-lhe a mão... Dá uma nova chance a ele e à toda criação...
Se algo precisa ser extinto, que sejam nossos erros, e que aprendamos com tudo isso, nem que seja por instinto...
Aquele mais visceral, que nos leva à transcendência, que nos faz encarar o medo por uma questão de sobrevivência e, mesmo sem querer, nos faz reconhecer e tentar recomeçar...
Mil já caíram de um lado...Outros milhares ao outro...
Algo precisa mudar muito em nós para permanecermos vivos...
João, meu irmão, meu desabafo é uma oração, minha poesia é uma prece que se oferece suplicando compaixão...
Enquanto o coração de Deus se enternece, irmão, o mundo continua a girar...
Enquanto vivo assobio uma canção e peço pra você me acompanhar, irmão...
Quem sabe o Amor resolva que o pecado perdeu sua originalidade e nos absolva para uma nova oportunidade...
Continuamos sem saber o que fazemos...
Continuamos a nos enganar...
Continuamos a crucificar o Amor... a fazer Ele sangrar...
Mas Irmão João, do alto da Cruz, Ele continua a nos perdoar...
Os vírus somos nós...Os espinhos somos nós...
Mas Ele continua a nos Amar!

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