sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Sobre as questões do aborto



Sobre o aborto, vejo muita gente falar que é uma questão sobre o corpo da mulher, quando na verdade, na minha humilde opinião, a questão é muito mais de alma...
Ouço muita gente levantar a bandeira dos direitos da pessoa, quando na verdade vejo claramente uma questão de deveres...
Afinal, quantas mulheres podem dizer, conscientemente, que se recuperaram sem sequelas emocionais, físicas e psicológicas de um aborto programado?
Quantas pessoas podem afirmar que este tipo de experiência não mexeu em suas vidas?
Antes de ser um tema que envolve ideais de cunho feminista, legal, moral ou religioso, penso que é uma questão muito mais de cunho educativo e humanitário.
E, ao nos debruçarmos sobre este assunto, impressiona sobremaneira como usamos mal e, na maioria das vezes, contra nós mesmos a nossa capacidade racional...
Enquanto milhões são investidos em defesa da VIDA de animais ameaçados de extinção (proteção e acompanhamento dos ovos de tartarugas ou pássaros nesta situação
(causas muito nobres, diga-se de passagem)), no caso da espécie humana, por incrível que pareça  um "ovo" ou embrião de nossa raça não é considerado VIDA a ser defendida!
Como justificar tamanha incoerência?
E enquanto bilhões de adolescentes e adultos inconsequentes se divertem, ao seu bel prazer, "copulando" irresponsavelmente por aí, sem medir nenhum risco em relação
à própria saúde física (DSTs - Doenças Sexualmente Transmissíveis) e mental (TMC - Transtornos Mentais e Comportamentais), seguimos discutindo sobre a consequência
direta da inconsequência de suas atitudes: uma gravidez indesejada. Mas como assim indesejada, se é justamente a falta de cuidado e proteção com o próprio desejo a
causa desta situação?
Desde muito jovem aprendi com os mais velhos que nem sempre "querer não é poder". Uma lição que me ajudou muito a compreender o significado e a importância da palavra "limite" na educação das pessoas.
E como isso se aplica quando o tema é educação sexual. Nem sempre "querer é poder". Há inúmeros riscos e consequências para este querer! Muitos deles nós não "podemos" absorver...
Sem tabus e preconceitos, mas com informações necessárias para conscientizar para uma vida sexual e afetiva responsável e sadia.
Frequentemente somos bombardeados pelo sensacionalismo dos noticiários com notícias e explicações sobre os mais diversos crimes motivados por afetividade e sexualidade mal resolvidas.
A conduta abusiva e desrespeitosa contra as mulheres, a mesquinha mentalidade de redução do corpo humano a objeto de prazer, o sentimento de propriedade em relação ao outro...
Um dos temas preferidos para reportagem: a diferença entre um homicídio doloso (quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo)  e culposo (quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.).
No caso de um aborto programado, pouco importa se o homicídio é doloso ou culposo. Importa que é um homicídio! Pois se trata de Vida. Vida Humana! E o útero onde o embrião se encontra em formação, aquela câmara fisiologicamente perfeita
que deveria ser a sua principal proteção, de repente se transforma em propriedade de um corpo sobre o qual só a sua dona tem o privilégio de decisão? E quanto ao dono do corpo que abriga a outra vida que está crescendo ali?
E quanto à outra parte que contribuiu igualitariamente para o encontro de gametas e para a criação desta vida? Como minimalizar tudo isso a uma questão de disputa entre gêneros ou de direito de um deles?
É uma questão muito maior... Muito maior que a própria questão de saúde pública e de prática ilegal e inconsequente da medicina, esta sim uma questão de cunho jurídico e policial, como também a dos "esteticistas" domiciliares que tantas vidas jovens
tem ceifado de nosso convívio, pela ditadura de um corpo perfeito, dentro dos padrões esperados...
Quantas mortes, procedimentos irresponsáveis, abusos, estupros, violências, doenças e abortos poderiam ser evitados com investimento em educação e, particularmente, em educação para afetivade e sexualiadade responsáveis...
O problema está em nós mesmos, nesta nossa volúpia por uma pseudo-satisfação, que acreditamos vir de um conforto, uma riqueza, um consumismo, um prazer absolutamente passageiros...
É uma questão de alma, não de corpo! Um desequilíbrio insasiável que nos move na direção contrária à nossa própria essência...
É tempo de refletir e assumir quais são, de fato, as bandeiras que merecem nossa adesão. Não por moda, por indução, pelo "politica ou socialmente correto". Mas, sim, por convicção!

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