Aos 75 Paul se transfigura em seu show, transmitindo o mesmo carisma e energia do tempo dos Beatles. Como ele consegue? Exercendo o sacerdócio da música. Ele sabe o quanto está no lucro e, talvez por isso mesmo, aproveite cada breve instante da vida de forma leve! Muito leve! Cada show se transforma numa espécie de ritual de redenção, de Paul para Paul! Suas homenagens a John e a George revelam uma pessoa liberta de qualquer peso, simplesmente vivendo sua música e seu tempo!
Fazendo o agora acontecer! Livre, apaixonado, grato, sincero, transparente! E por isso mesmo, em diversos momentos, muito emocionante!
Com uma afinação maravilhosa e um alcance de voz surpreendente, Paul deu um exemplo de respeito ao seu público, oferecendo muito mais do que o normalmente esperado! E nos deliciou com quase três horas de música de altíssima qualidade! Não bastassem as composições eternizadas e as interpretações fantásticas, o músico brilhante se divertiu chamando cada instrumento para um dueto muito especial e sensível! Paul literalmente dançou com suas guitarras, baixos, piano, teclado e ukulele.. A produção impecável e o cuidado com cada detalhe parecem mesmo contagiar a banda, cujos integrantes devem ter sido escolhidos criteriosamente pelo ex-Beatle como os acordes e palavras que McCartney seleciona tão precisamente ao compor seus deslumbrantes hits!
Cuidadosamente, Paul deu seus recados num português simpático e despretensioso. Arriscou-se, inclusive, ao luxo de oferecer gírias num baianês pouco provável. mas unanimemente aprovado!
Como poucos artistas, ele sabe bem como cativar, do início ao fim de seu show, um público extasiado, com o qual comunga e interage de maneira brilhante e muito verdadeira!
Um dos "últimos cavaleiros" de uma era privilegiada, Sir James Paul McCartney continua emocionando gerações e gerações, com a mensagem renovada de uma banda única que, mesmo depois da separação de seus integrantes, continuou a fazer o mundo inteiro cantar e sonhar!
Diante de uma pequena multidão de cerca de 55000 pessoas, muitas das quais ali somente para "tomar uma e depois dizer que foi", o refrão de Eleanor Rigby nunca foi tão adequado:
"Ah look at all the lonely people..."
Diante de tanta gente solitária em seus mundos virtuais, tão preocupadas com suas selfies e posts, o Beatle setentão contemplava tudo e mostrava uma energia vital e real sobrando e sem parar um minuto em cima do palco demonstrou ter talento de reserva para improvisar e ainda oferecer pérolas recém lançadas de seu mais novo cd. Através de suas belas canções, nos convidou para uma viagem no tempo. E conseguiu nos mostrar o quão pouco evoluímos quando o assunto tem a ver com deveres e direitos humanos e com a paz entre as pessoas...
A perfeição e qualidade de seu som reverberou por uma arena acostumada com uma sonorização mambembe e, como um heroico gladiador, Paul ainda luta contra o tempo para continuar a pedir, através do parceiro inesquecível:"All we are saying is give peace a chance!"
Suas interpretações de Let it be e Something, verdadeiros hinos da raça humana, arrancam lágrimas do mais insensível mortal, diante de tudo o que temos de mais nobre...
A interpretação do publico e banda em Hey Jude, traz a todos que partilharam o espaço de seu show a certeza da força que existe quando seres humanos se unem para cantar o Amor! A música feita para um dos filhos de Lennon, Julian, na época da separação de John e sua primeira esposa, Cynthia, é um hino sobre humanidade e cuidado com o semelhante mais frágil. Um êxtase de inspiração...
"Here today", música que ele compôs pra John, resgata uma parceria de infância e traz bem pra perto dele e de todos os que o assistem a presença iluminada de Lennon e do amor fraternal entre eles:Uma letra que é um desabafo de saudade, dor e bem querer!
And if I said
I really knew
you well
What would
your answer be?
If you were
here today
Here today
Well knowing you
You'd probably
laugh and sa
That we were
worlds apart
If you were
here today
Here today
But as for me
I still remember
how it was before
And I am
holding back
the tears no more
I love you, oh
What about
the time
we met?
Well I suppose
that you could
say that
We were playing
hard to get
Didn't understand
a thing
But we could
always sing
What about
the night
we cried?
Because
there wasn't
any reason left
To keep it all
inside
Never understood
a word
But you were
always there
with a smile
And if I say
I really
loved you
And was glad you
came along
Then you were
here today
For you were
in my song
Here today
Aqui Hoje
E se eu disser
que realmente
te conhecia bem
Qual seria
sua resposta?
Se você estivesse
aqui hoje
Aqui hoje
Te conhecendo bem
Você provavelmente
iria rir e diria
Que estávamos
muito distantes
Se você estivesse
aqui hoje
Aqui hoje
Mas, quanto a mim
Eu continuo
lembrando como
era antigamente
E não estou mais
segurando as lágrimas
Eu te amo, oh
E sobre quando
nos conhecemos?
Bem, eu acho que
você diria que
Nós trabalhamos duro
para conseguir
Não entendíamos nada
Mas nós sempre
podíamos cantar
E sobre a noite
em que choramos?
Porque não havia
razões
Para manter
tudo aquilo
Nunca entendia
uma palavra
Mas você estava
sempre lá
com um sorriso
E se eu disser
que eu realmente
te amei
E fiquei feliz,
por você vir
junto
Se você
estivesse aqui
hoje
Por você estar
em minha música
Aqui hoje
http://diariodosbeatles.blogspot.com.br/2010/08/paul-mccartney-fala-sobre-musica-para.html
Ainda sobre o histórico show em Salvador, no dia 20 de outubro de 2017, de todos os presentes com quem troquei alguma ideia, uma fala comum: "o melhor show que assisti na vida!"Parafraseando o próprio Paul, na sua simpaticíssima tentativa de estreitar laços, eu completaria:"Ave Maria, ó pai ó, Paul é massa!
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