segunda-feira, 28 de agosto de 2017

A silenciosa voz que clama no deserto




Em tempos de hiperconectividade e informação instantânea cabe um questionamento sério sobre a qualidade da comunicação que experimentamos em nossos dias.
Nas mais diversas esferas de relacionamento humano, seja empresarial ou socialmente, em grupos, famílias ou comunidades, temos vivenciado uma super exposição
a uma diversidade de conteúdos informativos que, de forma alguma, têm garantia de credibilidade, precisão ou confiabilidade.
Entre absorção de informação e comunicação há uma grande diferença. Comunicar é tornar algo comum a todos. Sem espaço para outras interpretações,
sem deixar dúvidas, incluindo a todos na partilha de uma verdade, opinião, informação, emoção ou questionamento que se quer transmitir.
Talvez vivamos, na história dos er humano, o ápice das ferramentas com este objetivo. Mas como temos utilizado estes incríveis aplicativos?
Quem pode dizer, com a mais absoluta segurança, que nunca foi mal interpretado por alguma postagem publicada?
Da formalidade do e-mail à praticidade do Whattsapp, navegando pelos efeitos visuais do Instagram, pela característica tribal do Tumbler ou mesmo pelo caráter
instantâneo e global do Facebook, para não citar outros tantos, percebemos que estamos experimentando uma comunicação truncada, imprecisa, nublada, que tem
deixado lacunas importantes na transmissão de conhecimento e interação entre as pessoas. Estes aplicativos não possuem entonação e costumam dar margem a mal entendidos,
desentendimentos e enganos. A pressa e o imediatismo de nossos dias costumam ser as principais razões para a falta de cuidado e atenção neste tipo de interatividade.
Parece mesmo que estas são características inerentes à cibercultura vigente e à falta de amplitude de determinadas normas de convívio virtual.  
Seria esta a "impressão digital" de nossos dias? A identidade de uma era? O "modus operandi" de uma geração?
Esta meditação é importante para aprimorar nossas condutas atuais. Como profissionais, integrantes de grupos e comunidades e pais de família.
Quanto deste tipo de comunicação descomprometida temos levado para realidade de nossas vidas, em nosso trabalho, nossas amizades, nossos lares?
Mais do que uma simples meditação, em se tratando de compromisso cristão, um desafio à fé, à esperança e à caridade de cada um de nós.
Como preconizou Bento XVI em sua exortação à presença evangelizadora dos sacerdotes católicos no continente virtual (continente mais habitado do planeta), é necessário
ir além das fronteiras para anunciar a Palavra. Ser presença diferenciada e transformadora neste ambiente, promovendo o bem, os valores e a essência de nossa fé!
Há muito lixo, muitos descaminhos, desvios, poluição verbal e visual no universo virtual.
Há muita falta de clareza, de Verdade, de testemunhos e exemplos sobre a beleza, a gratuidade e a diversidade da Criação.
Há muita desinformação e adulteração servindo aos mais diversos interesses quando o assunto tangencia o plano da salvação.
Há muita hipocrisia e incoerência sendo postadas quanto à ação do Espírito Santo em nossas vidas.
O Mistério da trindade está vivo e precisa se transfigurar em cada postagem, cada comentário, cada like que decidirmos realizar.
Somos chamados a ser "a voz que clama" no gigantesco deserto virtual!
Não podemos nos acostumar com mais do mesmo. Vamos comunicar a verdadeira ação do Espírito Santo em nossas vidas.
Há uma imensidão de oportunidades para ser cristão também em nossa ciber interatividade, avançando muito além da simples retórica.
Em tempos de hiperconectividade e informação instantânea cabe muito mais que nos adaptar a estas ferramentas.
É preciso que façamos de cada um deles um aplicativo de nossos próprios ideais e valores e experiências cristãs!
A Boa Nova sempre valerá à pena partilhar!

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