terça-feira, 30 de julho de 2013

Salvem Sant'Ana Dedicado a Edson e Iacy, Osmar e Chika, Jorge e Binha, Jorge e Anna Maria Studart, Alaor e Mabel, Teo e Regina, Angélica(Eduardo), Conceição(Alan), Anna Ferreira(Renato), Ester (Renato), Maurício e Lú, Leleco e Bete, Aloisio e Relma, Rose e Lívio, Nilo e Clélia, Edwin e Aninha, Fernando e Solange (e todo o grupo das crianças), Elias e Maria Dulce (João Augusto), Levy e Anna Maria (in memorian):




Desde a escolha, postura, palavras e mensagens iniciais do Papa Francisco, meu coração tem ardido para lhes escrever estas palavras. Por uma questão de profundo respeito e amizade, por algum tempo ainda procurei manter meu silêncio. Mas ao ouvir, hoje, as palavras e a mensagem do Papa Francisco à igreja, personificada pela comunidade de Varginha(RJ), sinto que não é possível mais me omitir! Preciso colocar aqui, em palavras, um pouco que seja do muito que aprendi com vocês!
Cresci na fé na comunidade de Sant'Ana. Participei do Caminhada VI, no qual fiz amigos para a vida inteira e, trabalhando na Pastoral de Juventude, acabei formando minha própria família. Com o Pastorado de Padre Luna vivenciei momentos marcantes de fé, unidade, Cristianismo e Comunidade. Encontros, Aprofundamentos, Congressos Eucarísticos, Apresentações, Celebrações, Reflexões, enfim, uma grande intensidade na vivência dos valores que, acredito, compartilhamos.
Vivi também momentos de decepções e lutas. A graça de Deus permitiu que estes momentos não abalassem minha fé e minha experiência de encontro pessoal com Deus e minha paixão pelo Evangelho de Cristo!
Por isso estou aqui, novamente, reverenciando suas vivências cristãs, para questionar-lhes com muito respeito, rogando-lhes que sejam extremamente honestos consigo mesmos e generosos com minha iniciativa (ela tem a melhor das intenções):
- O que vocês vivenciam hoje em Sant'Ana é uma comunidade cristã?
Onde está, meus irmãos, o olhar caridoso desta comunidade para os pobres?
Seguramente não está na pífia ajuda da Dispensa Sto. Eugênio. Qualquer ONG faz isto.
Não está também no parco recurso batalhado arduamente por Aloísio para a Escola Paroquial. Isto qualquer grupo bem intencionado faz. Então, onde está o exercício de promoção humana desta comunidade? O cuidar do seu entorno? Dos seres humanos que habitam ou se refugiam por ali? Da gente que se amontoa em seu arredor, à margem da dignidade?
Onde está, meus irmãos, o olhar amoroso para seus jovens e crianças? Onde estão seus filhos e netos? Onde estão as crinças e jovens da Comunidade? Que espaço eles têm? Que voz vocês têm dado a eles?  Se não fosse pela resistência espiritual de Solange Almeida e equipe, quem sabe o que seria...
Mesmo assim, só lhes é dado o espaço de uma missa mensal. Como desenvolver um trabalho assim? Como dar continuidade?
Pensem no desperdício que é um grupo com o potencial, os dons e a espiritualidade como este estar restringido a uma missa mensal no Desterro, enquanto há tantas comunidades carentes, precisando tanto!
Não, meus irmãos, eu não consigo entender como vocês, logo vocês, que tanto me ensinaram com seus testemunhos e exemplos cristãos, podemm se contentar com este arremedo de paróquia que está aí.
Não posso aceitar que o ECC tenha se tornado isso. Algo tão vazio, cujo único objetivo parece ser alimentar o próprio ego dos que lá perduram há décadas, dando-lhes a falsa, agradável e "irretirável" sensação de utilidade. Cristianismo não é isso! Vocês me ensinaram diferente. Então porque ser conivente com uma administração materialista, sem nenhuma vocação missionária? Porque aceitar simplesmente o que não pode ser aceito? A falta de transparência nas contas, a espiritualidade relegada a terceiro plano, a absoluta falta de amor pastoral... Por que?
Vocês merecem muito mais do que isso que está aí!
Aqui e ali, nos encontros e desencontros da vida, me bato com paroquianos que permanecem firmes, como que num ato de resistência. Em todas sinto tristeza. Todas me falam com insatisfação da falta de referência, de coerência, de verdade, de transparência. Alguns me dizem que permanecem ali por Sant'Ana. Mas será que é isso mesmo que Sant'Ana deseja destas pessoas? Esta aceitação, esta submissão, esta tristeza?
Nem a própria matriz se utiliza mais.Há quantos anos? Há quanto tempo entram recursos para as "obras" e a igreja permanece fechada. Quantas pessoas não se sacrificaram em bingos, jantares, leilões, exposições, feiras, festivais de tortas, etc, etc, etc. E a igreja continua de portas fechadas, sem perspectivas de abrir.
Não é possível que ninguém perceba o prejuízo que este "abandono" tem causado na região, sem falar na obscura utilização de tais quantias sem resultados paralelos...
Meus irmãos, desculpem o desabafo.Mas é que também estive cego, também trabalhei aí, com a melhor das intenções, acreditando num projeto que depois se revelou vazio e podre.Hoje, em outro grupo, outra comunidade, tenho uma ainda maior compreensão da dimensão deste lastimável equívoco.
Ao dirigir esta carta, irmãos, a pessoas que, como eu, sei que sentem o mesmo amor e a mesma gratidão pela Paróquia de Sant'Ana, é que mantenho a esperança de algo seja feito por vocês, líderes, gente de bem, exemplos vivos para mim.
O Papa Francisco tem alertado sobre os sacerdotes com carros de luxo, sobre aqueles que reduzem as fronteiras de seu cristianismo aos cuidados litúrgicos e à administração dos bens e patrimônios materiais. Ele também tem alertado sobre os excluídos desta pseudo igreja: os jovens e os anciões... Não se deixem enganar: isolamento também é exclusão!
Não caiam na tentação de se bastarem a si mesmos... Ao excluir as novas gerações, se agarrando aos "cargos" e "status" e impedindo a renovação, vocês, que ajudaram a construir uma paróquia tão viva, estão se tornando cúmplices da sua destruição...
Não posso acreditar que vocês não se preocupem com a perpetuação desta obra. Que, de fato, desejem realmente que ela termine com a geração de vocês...
Porque é isso que se percebe claramente...
Não está se cuidando do futuro, da continuidade desta missão...
Enquanto nas outras paróquias os movimentos estão vivos e as novas gerações estão assumindo e perpetuando suas obras, de Sant'Ana só se houve falar que é uma paróquia velha, sem sede própria, sem juventude atuante, sem renovação, movimentos ou novas lideranças expressivas...
Meus irmãos...
Vocês vão passar, nós todos vamos...
Estou muito feliz de ver minha filha trilhar hoje, em outra paróquia, a mesma Caminhada que, um dia, tive o privilégio de iniciar aí. Vejo o Movimento Escalada indo para a sua 73ª edição. O Escaladinha vivo, já com filhos e netas da minha geração! E aí? Os poucos jovens que aceitaram a missão de tentar reerguer os 4 movimentso criados neste berço (Alvorada, Despertar, Caminhada e Alvorecer) foram expulsos por ter a coragem de questionar sobre incoerências, hipocrisias e encobertamentos, no mínimo, dignos de investigação.
Meus irmãos...
Ainda é tempo de voces fazerem a diferença.
Quem faz uma comunidade é seu povo, não seu pároco.
O verdadeiro líder é aquele que sabe se adaptar às necessidades, anseios e valores de seus liderados. A omissão é mais grave que a ação!
Perdoem-me se, em alguns momentos, fui enfático demais. Lembrem: até Jesus se descontrolou diante dos vendilhões do templo! E se me permito escrever-lhes tudo isso é porque confio, de coração, na fé, nas boas intenções e nos valores de cada um de vocês! Não se deixem envolver mais por tudo o que está aí e é inaceitável!
Basta aprender com a simplicidade de Francisco...
Ele tem se mostrado papa no assunto!

Com profunda humildade, amizade e amor filial por cada um de vcs...

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