domingo, 10 de fevereiro de 2013

O exercício da cervejidade





E de repente alguns turistas me perguntam:
Onde está o Rei?
Olho à minha volta e os súditos da folia me confirmam
que Momo morreu...
No seu lugar ascendeu uma nova rainha...
Gélida, dourada, coroada sem maiores cerimónias,
ela desfila por todas as ruas e becos, 
entre nobres e plebeus,
tomando conta do reino que agora é seu...
Impera nos supermercados, nos isopores,
nos camarotes e blocos, 
matando a sede e completando o abismo
dos que procuram, sem saber o que,
por algum porque...
São dias de festa, de esquecimento
da vida, dias pra celebrar a alegria,
a fantasia do vazio,  de dar vazão
a um cio sem explicação...
Momo morreu,
nas banhas da repetição...
Os arautos da nova rainha
ainda falam das palmas,
de levantar as mãozinhas,
mas as mãozinhas agora
estão ocupadas com as latinhas
e cada súdito já não se lembra
de quanto bebeu...
Momo morreu,
Salve a Rainha!
Devassa, Bohemia, Periguete,
a nova rainha se disfarça
entre os convivas,
embriagando a todos
com a sua sedutora aparência,
provada e aprovada,
quase de graça...
Alguns pedem clemência,
mas a rainha
contagia de verdade
dos novos amantes de um dia
às velhas amizades,
todos se rendem à rainha
e ao exercício
da cervejidade...
Dizem que falta 
inteligência 
a toda e qualquer
unanimidade...
Mas quem está aí
para o que dizem,
na hora de beber
à saúde ou à doença
de uma cidade?
Quem está aí
para a espontaneidade
da alegria?
A nova rainha já manda
do velho Rei Momo se esquece
agora a Lei de Baco comanda
e quem não tem juízo obedece...








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