Hoje fui exercer meu dever de cidadão com um olhar mais crítico que nunca.
E pude constatar, num misto de tristeza e esperança, o quanto o PT perdeu nesta eleição.
Não sei se pelo despreparo de seu candidato, se pela inoperancia do governador do estado ou pela sequencia de atitudes e discursos incoerentes com sua própria história no âmbito federal, mas acredito que o PT perdeu o que havia de mais bonito e invejado em sua trajetória como partido político: o entusiasmo, o comprometimento, o voluntariado e a força de seus militantes. E isso é triste, muito triste.
Até mesmo o mais ardoroso oposicionista do PT não era capaz de negar o quanto impressionava aquela mobilização, aquela ideologia expressa em presença, atitudes,
gestos e manifestações repletas de uma paixão e uma esperança que, embora beirassem o fanatismo, tinham uma beleza, uma entrega e um tipo de pureza que nenhum outro partido conseguia.
Não foi assim hoje!
Embora em maior número, os militantes do PT atual se transformaram em bandeiristas. A grande maioria recebendo para estar ali, sem entusiasmo, sem brilho no olhar. Alguns inclusive explanando isso à boca pequena e ostentando o adesivo do adversário na roupa e a bandeira do PT na mão.
Triste de se ver...
Porque o PT tinha tudo pra fazer diferente quando chegasse no poder. Tinha a obrigação de retribuir tanto envolvimento e governar com o mesmo brilho no olhar, fazendo a diferença, como a sua militância fazia. Mas não foi assim...
O mensalão, as alianças com adversários históricos, as contradições, os esquemas de corrupção, a debandada de integrantes respeitados, tudo isso foi esvaziando aos poucos a credibilidade do PT.
Lula perdeu o viço. Dirceu perdeu o norte. Dilma perdeu o prumo. Genoíno perdeu o caminho. O Partido dos Trabalhadores perdeu o sentido. E perdeu muito mais, perdeu o apoio amplo, geral e irrestrito de sua militância e, assim, se perdeu!
Triste de ver...
A história hoje passou em quadros na janela do carro e eu pude sentir o tamanho da perda do PT.
Gente como Pinheiro, Zezéu, Moema, Gabrielli, entre outras lideranças, deve ter percebido esta transformação com muito mais dor e deve estar meditando o seu porque.
Lula, Dilma, Wagner e Pelegrino devem estar se questionando sobre o porque de não conseguirem convencer mais como faziam antes.
É muito simples: Discurso sem atitude não engana mais.
Mas depois de tanta tristeza, é hora de falar de esperança.
Quem sabe todo este desarranjo sirva para o PT e os outros partidos deste país retornarem às suas raízes.
Na hora de negociar salários com professores e policiais, na hora de se posicionar eticamente, na hora de lidar com a oposição, na hora de se posicionar em relação à corrupção, enfim, na própria relação com o poder, revisitar as raízes pode trazer uma inspiração mais positiva do que este arremedo que aí está, no executivo e no legislativo.
Quem sabe, nas próximas eleições, possamos ver novamente gente envolvida nas ruas, voluntariamente se engajando num projeto por acreditar nele, fazendo este ou aquele candidato e partido babar de inveja...
Aí sim, será bonito e muito alegre de se ver!
Acorda PT! Acorda Brasil...
Esse ano fiz 20 anos que não cumpro meu dever de cidadão - não voto. Dever forjado e ratificado numa democracia podre e corrupta, onde os ratos e velhacos se enfileiram na saudação a bandeira. Não fosse assim, a maioria esmagadora desses insetos não seria eleita. Sim, manter o povo burro, acorrentado e acachapado é a receita do sucesso - daí o porque que em nossa "democracia" o cidadão é obrigado a votar em que não sabe e depois pagar com o que não tem. Aliás, quantos são os países do primeiro mundo que a democracia obriga seus cidadãos a votar ?
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