sábado, 24 de março de 2012

Os diversos Chicos de Anysio




Ao contrário do que diz a matéria, se morreu o homem, ficam suas obras,
se passou Anysio, seus "Chicos" são eternos!
Eles são habitantes fantásticos de uma maravilhosa Chico City
e vão continuar a conviver entre si, enquanto arte e humor
persistirem em caminhar de mãos dadas pelas estradas
da dramaturgia...
Azambuja, Salomé, Pantaleão, Bozó, Véio Zuza, Painho,
Alberto Roberto, Gastão, Coalhada, Tavares, Justo Veríssimo,
Popó, Haroldo, Baiano, Tim Tones, Silva, Profeta, Roberval Taylor,
Walfrido Canavieiras,Divino da Luz são, certamente, além de personagens
inesquecíveis, inspirações de um prodígio da interpretação da vida!
Incríveis símbolos de uma humanidade repleta de contradições e visões
muito próprias de cada estereotipo que Chico Anysio teve a maestria
de captar e transformar em cidadãos do nosso imaginário...
E por falar em maestria, Chico mostrou ser um verdadeiro mestre,
não só do humor, mas também da vida, com seu insuperável Professor
Raimundo Nonato. Ali ele presenteou a todos com a mais incrível
reunião e seleção de craques do humor brasileiro.
Resgatou gênios como Walter Dávila, Costinha, Zé Vasconcelos,
Antonio Carlos Pires, Brandão Filho, Lúcio Mauro, Castrinho,
Grande Otelo, Zezé Macedo, Mário Tupinambá, Orlando Drummond,
Rogério Cardoso e Francisco Milani, entre outros vários artistas,
alguns, na época, com sérias dificuldades financeiras, outros já
beirando o ostracismo.
Junto com eles, Chico nos brindou com pérolas do mais refinado
bom humor e companheirismo. Ali Chico Anysio foi além: provou
ser mestre em humanidade ao devolver dignidade a colegas de profissão,
dando-lhes a oportunidade de fazer o que melhor sabiam:
nos fazer sorrir!
Mas como mago que era, Chico enxergava além. Assim fez da sua Escolinha
do Professor Raimundo, também uma plataforma de lançamento de gente como
Tom Cavalcante e João Cláudio Moreno, entre outros.
Além das piadas, dos improvisos, dos jargões, das tiradas, dos cacos,
a Escolinha transmitia um ambiente de respeito, amizade e admiração
entre seus componentes, coisa muito rara num meio permeado de
egos elevados e competitividade. Nela parecia haver um equilíbrio
lapidado pelo talento e bem querer de seus participantes, lembrando
mesmo a irmandade dos tempos de escola...
Reunindo passado e futuro do humor brasileiro, Chico fez mais que escola, fez história!
E tudo com a simplicidade de quem veio de Maranguape, uma cidade nordestina, perto de Fortaleza, cujo significado do nome, em Tupi-Guarani é Vale das Batalhas!
Chico foi um lutador e fez da vida este vale de batalhas!
Lutou pela felicidade, nos seis casamentos que teve, gerando oito filhos e sendo muito família!
Lutou pela família, trabalhando com a irmã e filhos, além de abrir caminho para a carreira de filhos, sobrinhos e ex-companheiras.
Lutou pela vida, nos últimos anos, saindo algumas vezes de situações críticas quando esteve internado por problemas de saúde.
Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho, o Chico Anysio (Maranguape, 12 de abril de 1931 — Rio de Janeiro, 23 de março de 2012), além de humorista, foi ator, dublador, escritor, compositor e pintor. Um artista completo!
O que nos dá a certeza para reafirmar que, ao contrário do que diz a matéria, se morreu o homem, ficará sua obra. Se morreu a matéria, ficará o que é imaterial:
a arte absolutamente única deste que, sem sombra de dúvidas, foi um homem além de seu próprio tempo!

Um comentário:

  1. Foi uma pessoa que realmente marcou a história de todos.
    que ele descanse em paz.

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