terça-feira, 23 de junho de 2020

Noites Juninas

Não adianta o licor
da delicatessen da esquina
saudade da noite junina
de lá do interior...
Saudade do São João de verdade
da fogueira da casa do cumpadi
da canjica feita pela cumadi
das bandeirolas de tudo quanto é cor...
Não adianta o mungunzá
nem o bolo de aipim
nada consegue dar fim
na saudade que me enche de dor...
A galera em águas
no meio dos coqueiros
cantando as mágoas
entre a cerveja e o licor...
O vizinho chamando fifó de fiofó
e a risadaria, que maravilha,
no improviso da quadrilha,
num tinha coisa mió!!!
E no encontro das águas
teve até extraterrestre dando tchau
fantasiado de bacurau
entre ciroulas e anáguas...
Visões de besouros gigantes
visitando o "P" vinte e nove
entre um e outro engov
contando segreddos distantes...
Não adianta o licor de tamarindo
o azedo da saudade
deixa a gente na vontade
de ver aqueles fogos tão lindos...
E se misturar com o de jenipapo
mesmo assim não dá jeito
saudade é ar rarefeito
que vem pra tirar escalpo...
Olha eu aqui de novo
xaxando mesmo sem querer
querendo xaxar sem poder
de junto do meu povo...
No tempo do tal Corona
que nos roubou o calor do abraço
tento encontrar um espaço
pra abraçar uma sanfona...
Mas se você for deste tipo de gente
que acha a poesia uma coisa cafona
que põe um poema na lona
por não saber o que sente...
Eu vou te pedir perdão
para ser bem transparente
você não sabe realmente
nadinha sobre São João...
Então, se me permite aconselhar,
procure uma paixão verdadeira
que acenda que nem fogueira
a sua própria escuridão...
Só então você verá as estrelas
ao provar uma boca vermelha
que com a sua faça par
e faça dançar seu coração!
Só aí a sua alma vai se elevar
e tocar o céu que nem balão
e voce vai dar razão
quando o poeta cantar
sua saudade do São João!

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