sábado, 24 de novembro de 2018

Pequena crõnica de uma tarde abençoada...(A meu irmão Valcellos, pelo inesperado e inspirado convite!)



Acordei pensando em estar com ela neste sábado!
Mas o dia prometia difícil. muita coisa a resolver...
Levar a esposa no trabalho, levar o carro na oficina, voltar pra cuidar da mãe, coisas pendentes do trabalho a fazer, buscar o carro na oficina, buscar a esposa no trabalho...
Como dar conta de tudo e ainda arranjar um tempo pra dar uma chegada no Bonfim pra receber um abraço Violeta...
Afastei a ideia da cabeça já prorrogando a intenção pra amanhã... Hoje a coisa estava preta!
E como um robô programado fui seguindo a agenda pre-definida sem maiores planos...
Doce engano...
Levei a esposa no trabalho, deixei o carro na oficina, voltei para casa pra cuidar de mamis, fui andar com ela na orla, fiquei com ela até ser rendido por minha irmã e meu cunhado,
terminei as pendências do trabalho e, próximo ao almoço, me liga um irmão de fé me perguntando como é que se chega na Casa de Violeta, pois ele nunca havia estado lá e
precisava levar para ela umas solicitações de alguns exames...
- É fácil, vou lhe explicar... comecei dizendo...
Mas o coração mandou parar e mudar o rumo daquela prosa:
- Você quer que eu vá com você? (O coração ardendo...)
Do outro lado, meu inspirado irmão me disse que se eu pudesse ia ser ótimo!
Expliquei a ele sobre o carro, o mecânico, a esposa...
- Sem estresse. Vamos depois. Quando voce estiver livre, me liga! Ele me respondeu...
E assim aconteceu!
Depois das várias missões humanas cumpridas, liguei para ele e seguimos para a Casa do Encontro e da Oração, com o coração leve e o sorriso em dia!
E lá fomos recebidos com o doce abraço Violeta, o olhar de Amor do meu Senhor e aquele sorriso que faz qualquer um ganhar o dia!
Com o entusiasmo da santidade nos contou algumas parábolas sobre seus filhos de rua, nos emocionando e nos fazendo sorrir com as histórias de  seu inimaginável dia a dia!
Meu irmão foi devidamente apresentado à casa e, como qualquer um que ali chega com o coração aberto, já se colocou a serviço, deixando um pouco dele mesmo e de seu Amor como oferta espontânea e voluntária de si...
E, de repente, após carregarmos juntos um enorme e antigo banco de madeira que ela não conseguia transportar da área de partilha para a varanda, vi se formar a ciranda, com ela no centro da roda, fazendo a esperança girar!
E o irmão, médico e cirurgião do coração, de repente estava ali, naquela varanda singela, transfigurado, reluzente, com uma vassoura na mão, servo de Francisco, simplesmente a serviço, transplantando o banco, fazendo a assepsia do chão,
anestesiando a dor de algum irmão, preparando aquela espécie de cenáculo para a próxima refeição...
Quando chegarem para a ceia ou para o café da manhã os "filhos discípulos" da "irmã sem convento", encontrarão mais lugares à mesa, onde se sentarão  e partilharão o pão e o sermão de nossa santinha, sendo alimentados no espírito e no corpo,
graças à plena doação daquele médico de homens e de almas...
Depois de deixarmos a varanda pronta, modificada, ela com um sorriso brilhando em seu olhar violeta, fomos à capela partilhar uma oração...
Coração leve, momento tão breve, mas de tamanha intensidade, que  nos enche de vontade de ficar um pouco mais...
No fim da tarde, partimos de lá com o coração em paz...No tom entre Violeta e lilás do céu, a certeza que um cais está sempre de portos abertos para receber os botes abandonados, as canoas naufragadas, o lixo da civilização...
Ali eles encontram seu solo... No colo da "mãe" que com toda a autoridade lhes fala de Amor e lhes devolve a dignidade de filhos de Deus!
Ali todos os miseráveis, pecadores, esquecidos, encontram alimento que lhes dá sentido!
Como aprendemos com ela no retiro: " O Reino de Deus se faz na grandiosidade de pequenos encontros"
Neste sábado, pela manhã, foram seus filhos de rua, irmã!
De tarde, eu e meu irmão de fé, miseráveis e famintos deste Amor, encontramos em você o olhar do Senhor e nos fartamos!
Gratidão às graças e bênçãos que recebemos e que, humildemente e. em família, agora partilhamos!

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