terça-feira, 6 de junho de 2017

Aljofre



O tempo que se esvai
enquanto a gente vive
vida que não volta atrás
não vai onde não estive
talvez não possa ir mais
talvez não possa mais
um dia novamente ter
o que um dia tive

Os sonhos que se vão
enquanto a gente dorme em paz
nunca se tornarão reais
se o dia nos consome
não voltarão a nós jamais
irão pra nunca mais
são balas de revólver
que nunca deixam nome

O estampido brilha na escuridão
qual será o alvo da nossa indignação?
Quem teve a coragem de puxar esse gatilho
e acertar no alvo, o erro de uma nação?

A vida que se perde
enquanto a gente sofre
tempo que não volta atrás
não há um outro cofre
onde tenha um pouco mais
onde tenha algo mais
nem mesmo uma moeda,
nem mesmo uma aljofre...

As ideias que se vão
pensamento que não se faz
se perderão no cais
não ganharão o mar
não chegarão às praias
permanecerão sem par
não semearão em Gaia
nas pedras vão secar...

O murmúrio ecoa na imensidão
qual será o motivo de tanta agitação?
Quem teve a coragem de dizer não ao filho?
Quem teve a nobreza de dizer sim à educação?

Além do próprio interesse...
Além do próprio ganha pão...
Quem teve a hombridade
de coletivizar a sua própria ação?

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