quinta-feira, 27 de abril de 2017

Além daquela curva...




Depois daquela curva
que a juventude um dia revelou
o poeta, já com a vista um tanto turva,
ainda trilha o caminho que traçou...
Desde que a ampulheta virou
num fim de tarde de céu alaranjado
o grão de seu tempo acelerou
nos braços livres do vento carregado...
Em alguma rocha, pelo caminho,
quem sabe algum verso se eternizou
quem sabe algum verbo depois da taça de vinho
um espinho, quem sabe, que ele tirou?
Depois daquela curva, um moinho...
Em um segundo, o Quixote que restou...
Seus fantasmas, seres tão mesquinhos...
Seu combate, a aliança que ficou!
Decrépito, confuso, abalado,
claudicante sobre uma tórrida chuva
o poeta ainda atende ao chamado
e se aventura, além daquela curva...

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